Mulheres conquistam cada vez mais espaço na construção civil.
Dados divulgados pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que o número de mulheres na construção civil representa 9,74% do número de trabalhadores.
Ainda que seja um número baixo, já representa um aumento significativo em um setor que por muitas décadas era formado apenas por homens.
Só na cidade de São Paulo, por exemplo, os dados do RAIS de 2015 mostravam a participação de 68.398 mulheres trabalhando em áreas da construção civil.
Para a a gerente de Medicina Ocupacional do Seconci-SP, dra. Ina Irene Liblik Quintaes, o aumento da presença feminina em construções se deve, entre outros motivos, à qualidade de execução da mão de obra feminina; ao zelo com os equipamentos e nível de atenção aos detalhes em atividades de acabamento.
Segundo ela as mulheres possuem características próprias como a meticulosidade e a capacidade de refinamento na execução das tarefas.
“Elas são procuradas sobretudo para atividades que requerem profissionais atentos a todos os detalhes, e que sejam perfeccionistas e caprichosas, como pinturas, assentamento de peças cerâmicas e instalações elétricas”, explica a médica.
Empresas da construção civil precisam aumentar segurança nos canteiros.
As empresas que contratam mulheres conseguem retornos econômicos positivos, pois as mulheres costumam chegar no horário, utilizam corretamente os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e ferramentas, reduzindo em muito os custos com acidentes de trabalho e desgaste dos materiais.
Mas os empregadores precisam ficar atentos e respeitar a estrutura física da mulher para evitar a sobrecarga. A própria Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) trata sobre o assunto, determinando que as mulheres não podem prestar serviços que exijam força muscular superior a 20 kg para o trabalho contínuo, ou 25 kg para trabalhos ocasionais.
Os cuidados, segundo a dra. Ina, de uma empresa do setor de construção civil devem se estender para a rotina de trabalho, inserindo pausas, verificando os EPIs que melhor se adequam à mulher e facilitar o transporte e manuseio de cargas.
“Vale lembrar que é essencial respeitar as paradas para a alimentação, hidratação, fornecer o protetor solar e estar ciente de que no período menstrual existe uma baixa da resistência e da imunidade da mulher e que nesse período pode existir um declínio no desempenho no trabalho”, explica a médica.